
Ana Teresa Santos
Natal sem brilhantes
Venho-vos falar na magia do Natal.
Escolhi fazê-lo na primeira pessoa, pois considero-me neste momento um exemplo do que é o brilhante parar de irradiar, mas mesmo assim tudo ser iluminado pela altura que se trata.
Para mim, Natal sempre foi família, casa cheia de emoção, risos e troca de histórias que se passaram ao longo do ano.
Uma lareira acesa ao fundo e um perú no centro da mesa para dar entrada a um “bacalhau com todos”.
Os presentes sempre foram secundários mas existem, nem que seja um postalinho com as palavras certas.
A felicidade sempre foi a nossa chave de entrada no dia 25 de Dezembro.
Todos tínhamos um propósito – a família. A reunião. O amor. A paz que sentimos por sermos uns dos outros e podermos partilhar aquele momento de entrega que sempre se guardou para a prosperidade.
Mas este ano perdemos uma peça fundamental. Quase como perder o menino Jesus no presépio, entre o meio do musgo artificial e não mais o encontrarmos.
A minha mãe. Perdi a minha mãe. A 10 dias deste Natal. Faleceu no outro lado do mundo na busca dum emprego digno e que nos trouxesse alguma qualidade de vida.
A minha família está feita num monopólio sem peões, os dados já não rodam e carta nenhuma tem valor.
Dava tudo para tê-la como o meu presente. Trocar o peru e o bacalhau e as habituais lembrançazinhas pela sua saúde eterna.
A família não se escolhe, mas preservá-la, amá-la, respeitá-la e mantê-la depende de nós.
Aproveitem os vossos, olhem para o lado, valorizem sorrisos, quebrem guerras, comprem paz e ofereçam o vosso melhor lado com todo o vosso coração.
A vida é tão efémera que cada momento é uma dádiva.
Levem os vossos a sentir a força do mar e das ondas a bater nas rochas, subam as montanhas até aos picos mais altos para respirar o que de mais puro podemos ter. Sintam, sintam-se, abracem-se e nunca em tempo algum percam tempo de qualidade com as vossas verdadeiras prioridades.
Feliz Natal a todos e que o vosso centro de mesa e a vossa árvore esteja coberta de sorrisos embrulhados, abraços embutidos e gargalhadas para partilhar.
Afinal… o que é a nossa vida, sem aqueles que realmente amamos?
O tempo não pára, não volta e não dá tréguas, nunca desejem sentir vontade de voltar no tempo.
O momento é agora.